Na versão de Sex and the City de Falabella, as protagonistas são negras, mas pobres

Mal começaram as gravações e o seriado global " Sex & ar Nega" (ar seria do sotaque carioca), a paródia da versão americana "Sexy and the City "de Miguel Falabella, já está causando alvoroço nas redes sociais.

Se na versão americana eram tratadas as dores e as delícias de quatro mulheres brancas e sofisticadas, residentes em Nova York, uma das cidades mais badaladas do mundo, na versão de Falabella, as protagonista, todas negras, vivem no bairro de Cordovil, subúrbio carioca.
collageNEGA-300x225Com intenções quase dúbias, autor parece querer fazer um contraponto, entre a branquitude e a riqueza, contra a negritude e a pobreza apesar de dizer em entrevista ao jornal O Globo," que está na hora de falar um pouco sobre a população negra sem focar na coisa do pobre." Na mesma entrevista , porém, ele faz um adendo . "É pobre, é favelada, mas mulher é mulher em qualquer lugar e classe social." As quatro amigas – uma camareira, uma cozinheira, uma operária e outra costureira – serão vividas pelas atrizes Karin Hills, Lilian Valesca, Maria Bia e Corina Sabath.
Se não quer agrupar negritude com pobreza, então porque elas não são mulheres de classe média, como as próprias protagonistas são na vida real. Será que o autor não se dá conta que no Brasil, a segunda maior nação negra fora da África, há sim, mesmo que ainda não sejam maioria, mulheres que trabalham, tem seu carro, moram e comem bem e principalmente, que estudam e têm uma carreira?
Parece que não será dessa vez o avanço intelectual e sócio-econômico das negras ganhará vida na TV.

Fonte: Mundo Negro

Adenilton Cerqueira

Adenilton Cerqueira é negro antirracista, diretor de conteúdo do Reaja Já, curador digital e produtor de conteúdo especializado em questões étnicas. Bastante contestador ele é consciente do seu propósito e exerce sua liberdade por meio da escrita. Contato: revistaafrobahia@yahoo.com.br / Whatsapp (71) 992497473