Por Letícia Vidica

Da Redação - Revista Black Brasil - Se em terra de cego, caolho é rei. Em tempos de whatsapp, ligação é sim declaração de amor. Você lembra qual foi a última vez que um boy magia te ligou? Se não demorar mais de cinco segundos para responder, você é uma vitoriosa, nega.
A gente percebe que o tempo passou, quando volta para um passado (não tão distante assim) e comprova que aquele santo aparelhinho de Graham Bell, o telefone, está prestes a virar peça de museu e a sua função original, a de fazer e (principalmente) receber chamadas, entrou para a lista de extinção do Ibama.
Sim, minhas pretas e pretinhas. Sou de uma geração que ficava pendurada no telefone por horas e horas com um futuro paquera e com um namorado (uma, duas, três horas). Só que as coisas evoluíram ou regrediram, entendam como quiserem. Do ‘você me passa o número do seu telefone? que horas posso ligar na sua casa?’ foi para ‘você tem celular?’ para ‘qual é a sua operadora’ para ‘você tem orkut? facebook?’ e chegamos ao ‘você tem whatsapp?’.
Ok, ok. Não sou mulher das cavernas! O problema é que, apesar da facilidade da comunicação, a relação baseada apenas na troca de mensagens fez proliferar milhares de galãs de plantão (que se escondem ou se encorajam atrás das teclas). Sim, amigos, amantes e ‘ficantes’ de whatsapp…estamos cheias!!! É balãozinho para cá e para lá o dia todo nas notificações dos nossos smartphones. Bom dia, boa tarde, boa noite, linda, negra,tudo bem?, quero você e blablabla de segunda a sexta. Mera ilusão virtual. Chega o final de semana e cadê o amigo virtual na vida real? Puff! Sumiu. Estamos sozinhas.
Agora, alguém me explica. O que está acontecendo? Algo mudou e eu cochilei no meio? As pessoas acham que só porque te mandam mensagens no facebook ou whatsapp já são tão íntimas assim de você ou já é o suficiente para as coisas não evoluírem para o mundo normal?! Acho que tem amiguinhos por aí que a gente fala todos os dias no celular, mas não nos vemos – face to face – há meses!!!
Chega, meninos! Assim não dá!!! Queremos mais atitude. Ok, ok… a troca de mensagens virtuais pode sim ser um primeiro passo para a aproximação, um facilitador da paquera mas jamais, never, jamé pode substituir o contato real.
Vou contar um segredinho: o balãozinho que pisca na barra de notificações do celular, jamais substituirá o frio na barriga do toque de um telefone; as mensagens escritas nunca chegarão aos pés do dinamismo de uma conversa telefônica e, nem mesmo a facilidade de gravar a sua voz, é a mesma coisa do que ouvi-la real time. Sim, podem me chamar de saudosista. Ou feminista ou sei lá. Mas é a mais pura verdade.
As relações nos novos tempos mudaram sim. Admito. Nesse celeiro de almas que querem se encontrar, mas se desencontram, desviam, se afastam no caminho… não podemos deixar a magia do contato, do olhar, do sorriso, do frio na barriga, da tremedeiras nas pernas morrer. Acho que é isso. Fica a dica. #partiu.
Fonte: Mulher Negra e Cia